
Há algum tempo, principalmente devido às atividades exercidas, fiz a opção por comer fora de casa.
O tempo de deslocamento do trabalho para casa e de volta ao trabalho, além de consumir tempo, acaba por representar um custo que, somando-se prós e contras, fizeram com que a opção de almoçar fora fosse a adotada.
Assim, sou dos que adotaram a rotina de almoçar fora de casa e isso, no dia a dia, nos permite observar formas, hábitos e maneiras de quem está próximo de nós, nutrindo-se para enfrentar o dia.
Um dos aspectos que tem me chamado a atenção nos últimos tempos é a quantidade de comida que cada um se serve.
Antes, vale uma explanação: com o self-service tornando-se quase padrão, cada um pega o que quer.
E no final, acaba pegando, como se pode notar observando-se os pratos, bem mais do que come ou comeria em circunstâncias normais.
Então, voltando: o primeiro ponto é o prato cheio. Nada contra ele, mas o que se vê, ao lado disso, é que no final, ao término da refeição, sobrou comida.
Acho estranho que alguém pague por uma coisa, principalmente comida, se não a vai usar. O problema, no meu entender, é ainda maior porque quem está desperdiçando pagou pelo que desperdiça.
É como se estivesse – e na verdade está – jogando dinheiro fora.
Mas isso vai muito além do simples fato monetário e reflete uma cultura do despedício, em que não se dá atenção para as coisas, criando-se sobras – e lixo – que nos criam novos problemas, incluindo o recolhimento e tratamento do lixo.
Comida é um dos mais preciosos bens da humanidade, principalmente porque enquanto uma parte come, a outra passa fome.
E não é preciso ir muito longe, na África, por exemplo, para se ver isso. Basta visitar a periferia de qualquer cidade brasileira para se constatar isso.
Se o desperdício é criticável, pagar por ele é, acho, inominável, principalmente quando se trata de comida. Mas ele reflete, também, uma postura cultural que não nos ensina a economizar, a poupar, a evitar o desperdício.
Gastamos – ou desperdiçamos – comida, água, energia elétrica, papel, etc. etc.
Falamos sobre meio ambiente e sobre atitudes resposáveis, mas se olharmos para o lado veremos que as atitudes são tudo, menos responsáveis.
O desperdício de comida, que pode ser presenciado todos os dias em uma praça de alimentação de qualquer shopping no Brasil ou no mundo, é apenas uma das facetas de uma cultura que nunca se importou com o planeta, que sempre achou que seus recursos eram infindáveis.
Chegou a hora de mudar.
Precisamos adotar um novo critério de vida, economizando os escassos recursos que a Terra nos proporciona, até como meio de melher dividi-los.
Será que alguém que desperdiça aprova que outros estejam passando fome?
Não creio. Mas o hábito está tão arraigado que não percebe o que está fazendo.
Precisamos mudar. O problema que se nos apresenta é como fazê-lo.
Pessoalmente, acho que a mudança é individual.
Cada um precisa se conscientizar de sua necessidade.
Quando isso acontecer teremos um mundo diferente.
Até que ocorra, vamos ver, de um lado, o desperdício, e do outro a carência, seja no caso da comida, da água ou de qualquer outro recurso à disposição do homem.
Hoje, refletindo uma cultura milenar, poucos têm muito.
E muitos têm muito pouco. Quando isso irá mudar?
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